domingo, 20 de novembro de 2011

A VIDA É DOCE



Por volta dos anos 2.000, quando os CDs custavam cerca de 35 reais ou mais, o Lobão mandou a indústria fonográfica tomar no cu e lançou nas bancas de revista o seu disco “A Vida é Doce”, que custava míseros 8 reais. Num desses sábados quentes pra caralho, ao sair do trampo e descer pela Dorgival, parei na banca perto do Hospital São Rafael e comprei o meu Lobão. Com o troco que sobrou da nota de 10, peguei o busão pra casa feliz com a nova aquisição. O disco era (e é) tão bom que ainda vinha com um livro manifesto recheado de pequenos textos de grandes escritores. Pela qualidade das músicas, a guinada profissional do Lobo, os CDs todos numeradinhos, o José Flávio Júnior da Bizz definiu o “A Vida é Doce” como uma “declaração de independência de alta classe”. E sábado após sábado, aproveitando o meu descanso de jovem operário, eu punha o CD pra rodar no meu micro sytem parcelado na Liliane e deitava - banho tomado logo após o almoço - no piso de cimento queimado do meu quarto. Era cada música triste e amarga, tanta dor e raiva de uma vez só. Meus olhos fechados às vezes mareavam. Minhas costas suadas deixam uma mancha escura no chão. Foi ouvindo o “A Vida é Doce” que rompi as últimas membrana da adolescência.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ai Luis, que lembrancinha boa...
Somayra

L. S. D. disse...

Algumas lembranças persistem, Krika.