sábado, 19 de fevereiro de 2011

DEAD KENNEDYS

1968 - Robert Francis Kennedy, irmão do presidente do Estados Unidos, é assassinado em Los Angeles, California.

1963 - John Fitzgerald Kennedy, presidente dos Estados Unidos, é assassinado em Dallas, Texas.

1933 - Jhon Harold Kennedy, tio do futuro presidente dos Estados Unidos, é assassinado em São Luís, Maranhão.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

BÊBADOS HABILIDOSOS

BLUES DA SOLIDÃO



In: faixa do disco ENVELHECIDO DOZE ANOS (2004).

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

OS PRISIONEIROS

"Livre e confiante cidadão da Terra", diz Kafka, "eis que está preso a uma corrente longa o bastante para lhe proporcionar a liberdade sobre todo o espaço terrestre". Conquanto sentindo-se livres, uma vez que desapercebidos da enferrujada corrente arrastando-se atrás de si, os familiares e amigos dos presos chegam cedo e trazem Coca-Cola, banana, bolo, maços de cigarro, arroz com abóbora e chambari em vasilhas de plástico verde transparente. Hoje é sábado, o dia de visita aos presos.

Chegam os visitantes, tão condenados quanto os visitados, e se aglomeram na porta da delegacia. Mães, pais, tios, namoradas, sobrinhos, amigos. Muitos são tarimbados na arte de visitar presos de justiça. Outros são iniciantes, os curiosos do cárcere. E há aqueles que não vêm propriamente para a visita. Apenas se postam na calçada afirmando que jamais a cadeia os conhecerá, cada um com sua carga de nojo, segurança, envergadura moral uniforme. Se orgulham por serem os cidadãos de bem, sem saber que muitos homicidas também já tiveram uma família amável e um emprego fixo.

Eu, como Bukowski, tenho medo do homem mediano, o cidadão de bem. Tenho medo dessas donas de casa que com uma faca extremamente amolada cortam cebola para o almoço religiosamente às onze e meia. Não me agradam essas crianças inteligentes demais, esses pastores de voz mansa, essas famílias de comensais que rezam nas mesas de luxuosas churrascarias agradecendo a Deus por poderem pagar vinte e cinco reais num rodízio de carnes. Ah, e que carnes, deliciosas carnes, gordurosas carnes. "O que existe de falsidade, ódio, violência e absurdo nas pessoas medianas", diz Bukowski, "é suficiente para abastecer qualquer exército em qualquer dia".

"Controle de solo para Major Tom. Controle de solo para Majo Tom..." Tento mais uma vez a comunicação via rádio, mas olho o relógio e são quinze horas - a hora de abrir os portões da masmorra moderna. Destranco os cadeados, as grades, o som angustiante de metal contra metal assustando os pardais. O presos - poucos: seis - aguardam na área reservada para o banho de sol. Um deles tem um violão e entoa uma triste música gospel, que todos acompanham, emocionados. Quando chegam no verso Como Zaquel, eu quero subir - que eu substituo maliciosamente por quero fugir -, cantam tão alto e tão em transe que temo que alguns deles enfartem, principalmente um preso mais idoso. Escuto o barulho do rádio. É o Major Tom. Entrecortada pela música evangélica, sua voz grave sentencia: "Aqui é o Major Tom para o Controle de Solo. O planeta Terra é azul e não há nada que eu possa fazer..."

Há sempre um preso incomum no cárcere. Talvez ele leia Vigiar e Punir esperando o tempo passar. Talvez ele saiba de cor e salteado todo o texto de A Apologia de Sócrates. Talvez um dia ele me chame até a grade e me diga que eu não sou mais livre do que ele, argumentando que ele, livre para decidir sobre sua liberdade, decidiu estar preso. Ele, que transgrediu determinados códigos morais erigidos ao longo de séculos, talvez um dia me pergunte, para o meu espanto: "Como está a prisão aí fora?" Há sempre um preso incomum que sabe que, em oposição ao cidadão normal, o delinquente é definido primeiro como louco, depois como meliante, malvado, e finalmente como anormal. Talvez ele seja decapitado, o preso incomum.

Às dezessete horas os visitantes vão embora. Fica o barulho de suas correntes na saída e a impressão de que um deles não voltará na visita seguinte. Este fatalmente um dia será preso por atropelar uma criança na descida de uma ladeira de um bairro residencial com uma caçamba sem freio carregada de areia molhada. Algemado, espancado, argumentará que além da falta de freio, os raios solares que reluziram no cabelo dourado do menino o ofuscaram. De nada adiantará: será condenado. Na cela, se assustará com a primeira lufada de vento que lamber seu rosto. Vai chorar durante a primeira semana. No dia da visita, não será visitado. Vai tremer ao ouvir o cadeado se fechando forte pela primeira vez. O baque duro do ferrolho trancará sua garganta. Como uma mônada que é, seu coração baterá forte, uma tontura o derrubará, o sangue lhe subirá quente à cabeça e tudo ao redor vai escurecer como num eclipse repentino.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

BANANA BOAT



In: Comercial Banana Boat. Ou, como lembra aquele "textinho mela cueca" do Pedro Bial, use filtro solar..."