quarta-feira, 16 de abril de 2014

MILLÔR SOBRE SARNEY

"O Sarney é uma pessoa abúlica, sem nenhum valor, sem nenhum sentido ético, sem nenhum critério intelectual, sem sequer nenhuma educação, não alfabetizado. É o que eu chamo de usurpador metafísico. E como é também patologicamente abúlico, é um homem doente, um homem que não consegue formular uma frase, não consegue juntar sujeito, verbo e predicado. Eu escrevi uns trinta artigos analisando três ou quatro páginas de um livro dele e cansei. Porque eu tenho impressão que aquilo daria umas oitocentas páginas de críticas que seriam consideradas as maiores páginas da crítica brasileira -- pelo riso, não pela profundidade. Quem não consegue fazer uma frase com sentido, e não consegue que essa frase combine com a segunda, evidentemente não consegue formar um período. Como é que você espera -- sem nenhuma brincadeira -- que uma pessoa com essa absoluta incapacidade seja coerente no dia seguinte? Ele não tem a menor noção do que está acontecendo. Ele se agarra a um tipo de fisiologismo muito peculiar: quem ganha tem todo o direito, quem ganha conquistou a chácara, quem ganha pode nomear quem quiser. E, por isso mesmo, uma das tônicas da fisiologia maranhense é a seguinte: ele é um homem admirável porque conquistou o poder, e portanto, se ele não fizer os filhos, a mãe, a mulher, todos os parente e todos o apaziguados, ele é um fracassado."

(Millôr Fernandes, em entrevista ao programa Roda Viva, em 1989.)