Quinta
passada fui à Biblioteca Municipal de Imperatriz. Ela continua
funcionando no prédio onde funcionava uma escola para as crianças do
bairro Beira-Rio e adjacências, na rua XV de Novembro, na Imperatriz
Velha. E o portão continua fechado “no” cadeado. Um cadeado de presídio –
grosso, forte, dourado. Bati palmas. Uma, duas, três vezes. Até que
apareceu uma funcionária. Que vinha assoprando uma xícara
de café que parecia estar bem quente. E que era tão gostosa (e talvez
tão quente) quanto aquele o velho Viana torrado e moído. O tipo de
funcionária que deveria ser proibida de trabalhar em locais de estudo:
atrapalha qualquer leitura.
- Bom dia. A biblioteca tá aberta ao público?
- Bom diiiiia, moço. Tá sim. O senhor queria entrar?
Sim, eu “queria”. E quando os portões foram enfim abertos (evidentemente após a moça pousar a xícara com toda a elegância do mundo sobre uma cadeira de madeira, dessas “de estudar” – resquícios do que fora a escola?), eu a deixei ir na frente (evidentemente, já com a xícara novamente na mão), desfilando seu suave rebolado e exalando nas minhas narinas todo o patrimônio da família Cunha.
Corta.
Dentro da biblioteca, estrategicamente sentado, esperei em vão a garota do café desconcentrar-me de Marçal Aquino. Apareceu outra funcionária, que não cheirava nem fedia, mas que desconcetrou-me do mesmo jeito, embora que por outro motivo. Bolsa debaixo do braço, cabelo desgrenhado, virou-se para a secular funcionária que sempre aparece sentada à mesa do livro de freqüência e disse:
- Não deixe aquele menino entrar aqui. Aquele menino chato, sabe? Se ele insistir me ligue que eu resolvo, viu? To saindo mas já volto.
Corta outra vez.
A Biblioteca Municipal de Imperatriz desalojou uma escola, é aberta ao público sempre de portões fechados, tem uma funcionária gostosa que bebe Café Viana e outra, feia, que proíbe o acesso de determinados leitores.
- Bom dia. A biblioteca tá aberta ao público?
- Bom diiiiia, moço. Tá sim. O senhor queria entrar?
Sim, eu “queria”. E quando os portões foram enfim abertos (evidentemente após a moça pousar a xícara com toda a elegância do mundo sobre uma cadeira de madeira, dessas “de estudar” – resquícios do que fora a escola?), eu a deixei ir na frente (evidentemente, já com a xícara novamente na mão), desfilando seu suave rebolado e exalando nas minhas narinas todo o patrimônio da família Cunha.
Corta.
Dentro da biblioteca, estrategicamente sentado, esperei em vão a garota do café desconcentrar-me de Marçal Aquino. Apareceu outra funcionária, que não cheirava nem fedia, mas que desconcetrou-me do mesmo jeito, embora que por outro motivo. Bolsa debaixo do braço, cabelo desgrenhado, virou-se para a secular funcionária que sempre aparece sentada à mesa do livro de freqüência e disse:
- Não deixe aquele menino entrar aqui. Aquele menino chato, sabe? Se ele insistir me ligue que eu resolvo, viu? To saindo mas já volto.
Corta outra vez.
A Biblioteca Municipal de Imperatriz desalojou uma escola, é aberta ao público sempre de portões fechados, tem uma funcionária gostosa que bebe Café Viana e outra, feia, que proíbe o acesso de determinados leitores.