terça-feira, 23 de novembro de 2010

SHOW DJALMA LÚCIO

NICE REJANE PRODUÇÕES PRESENT

domingo, 21 de novembro de 2010

VANUSA BABAÇU E MARCELO CRUZ




NA SEMANA H DE HISTÓRIA - UEMA/CESI

terça-feira, 9 de novembro de 2010

AO CABO LIMA NETO COM CARINHO


Éramos bonitos e não sabíamos naquela tarde do dia 25 do mês de dezembro do ano de 2004 do nosso Senhor Jesus Cristo. Não que hoje, seis anos depois, sejamos mocreias intragáveis, carne de segunda cheia de varejeiras pendurada no açougue à espera do consumidor menos capitalizado. Mas vendo-nos assim, esbeltos porém fortes, é impossível não dizer que se naquela tarde estivéssemos vadiando pelas areias de Copacabana - "dragão tatuado no braço / calção corpo aberto no espaço" - passaríamos facilmente por lindos Meninos do Rio. Nem que fossem do Rio Tocantins.

Comemorávamos, desde o meio dia, o aniversário do Geraldo, o velho mais sem vergonha que já apareceu na face da Terra desde a construção da Arca de Noé. Bistequinha boa assando no canto esquerdo da sacada e tampas de Skol e anéis de latinhas de Brahma caindo divinamente em slow motion ao nossos pés; a farofinha e o vinagrete deliciosos preparados pela Dona Gonzaga e pela menina Jordana - nem preciso dizer que respectivamente mãe e filha do aniversariante. Tarde amena, recém agoada, com o vento gostoso e saliente bolinando nossos corpos e assanhando as madeixas do Renan e do Carlin, os hoje dois ex-cabeludos da fotografia - a qual, notem, nem era da era digital ainda.

"Não vou tomar café / nem escovar os dentes", deve ter cantado o Geraldo, acompanhado pelo Alain - que na época até tinha cara de Delon - enquanto eu e Jonhy, apoiados no parapeito, disputávamos o nosso Campeonato de Cuspe ao Alvo na Calçada, tendo como parâmetro de pontaria o desvio que o vento dava à massa de saliva durante a queda. Dona Gonzaga bebericava um pouco de vodka ou caipirinha, ou talvez um pouco de cada, provocando estupefação no Augusto, colega de trabalho do Geraldo, ao que ela retrucava afirmando que gostava de tomar um pouquinho para dormir. Dormir com o tontinho da cachaça. Dona Gonzaga morreu faz uns três anos, com idade bem superior à média de expectativa de vida do brasileiro. Grande Dona Gonzaga!

À noite, já tarde, apareceu o Alcindo, que todos os anos faz aniversário um dia depois do aniversário do Geraldo. Se eu acreditasse nesse negócio de bad vibrations, olho gordo, praga de Exu Caveira, afirmaria categoricamente que o Alcindo trouxe a reboque - como um mal olhado - o Cabo Lima Neto. Sim, Alcindo, porque pouco depois da sua chegada, o Cabo Lima Neto apareceu embaixo da sacada, no meio-fio, bêbado, louco, gritando, botando fogo pelas fuças, e no momento em que nós, curiosos, fomos ao parapeito para ver o que estava acontecendo, ele apontou o cano de um 38 na nossa direção e disse: "Desce! Desce, cambada de vagabundo, pra levar chumbo na cara!"

Alguém desceu? Que eu me lembre, não. E juro até hoje que vi a Dona Gonzaga dando uma cambalhota que a levou, célere, até a sala de estar. O resto foi um amontoado de pernas e braços tentando passar ao mesmo tempo por uma porta que dava acesso a outro local protegido. Os gritos do Cabo Lima Neto repercutiram mais um pouco na madrugada, até a chegada de uma segunda pessoa, que o convenceu a entregar-lhe a arma e acompanhá-la para casa, ordeiro, chorando, sem falar coisa com coisa. Era um amigo do Cabo, que o vinha seguindo desde uma lanchonete, onde, disse, o Lima Neto já havia comido três X-Tudo, quebrado mesas e deixado um rastro assustador de ketchup pelo chão.

Não deu outra depois do incidente. Só Cabo Lima Neto na veia. Louco, marido traído, esquizofrênico, revolucionário, desertor - viajávamos, potencializados pelo álcool, na busca de uma definição para o homem e a obra limanetianos. Nunca mais o vimos, Cabo. Infelizmente. Mas há uns três meses, vindo de Amarante para Imperatriz, e dando carona a um sargento da briosa Polícia Militar do Maranhão, perguntei se ele conhecia o Cabo Lima. O Cabo Lima Neto. "Aquilo é doido, atira até em pensamento". Não mencionei o caso do aniversário do Geraldo. Aprendi com minha professora de Educação Moral e Cívica que, se queremos conservar um mito, não devemos tentar conhecê-lo demasiado. Então prefiro lembrar do Cabo Lima Neto como um tempero daquele dia. Uma coisa boa. O limão que fez a caipirinha da Dona Gonzaga ficar mais deliciosa. O acorde preciso do Geraldo numa música do Gonzaguinha. A gordurinha gostosa da bisteca. E a tampinha premiada de Coca-Cola que eu encontrei pela manhã no caminho de volta pra casa.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

25 TREPADAS

Joca Reiners Terron compilou - aqui - as 25 trepadas mais emblemáticas da literatura.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

EL PIBE D'ORO

Lembro como se fosse em 1993 e 1994: primeiro, antes da Copa, um documentário na Manchete o mostrava correndo sozinho na Patagônia, na tentativa de emagrecer, ou antes, atirando com espingarda de pressão em um grupo de jornalistas que o perturbava na porta de casa, ou antes ainda, obeso, cumprindo suspensaõ de dois anos por uso de cocaína e sorrindo da própria desgraça sentado sobre uma balança de frigorífico; depois, já na Copa de 94, magro, cabelo curto, na comemoração do quarto gol contra a Grécia (um golaço dele), correndo para o cinegrafista na lateral do campo, e com a bocarra aberta, cada vez maior, cada vez mais perto da câmera, parecendo dizer ao mundo não o Vocês vão ter que me engolir - como disse Zagalo em 97 - mas algo que, caso ele houvesse realmente dito, soaria mais como Mundo, eu te engolirei!

Maradona foi o Sex Pistols do futebol, ao contrario do Pelé, mais pra Padre Zezinho, com todo respeito ao padre - até porque o rei nunca me enganou com aquele papo de lobo em pele de cordeiro. "Cuidem das criancinhas do nosso Brasil", ele disse chorando após o milésimo gol, quando mais tarde ele próprio faria de tudo para não reconhecer a paternidade de uma filha. Engraçado que os dois comemoram aniversário no mesmo mês de outubro - Pelé fez 70 anos cuidando dos seus negócios e Maradona fez 50 fumando um bom charuto cubano.

Nem entro no mérito de quem foi melhor em campo. Falo de pessoa, gente. E nesse quesito o jeito bandido do Maradona sempre me agradou mais que o bom mocismo do Pelé. Aliás acho que é de jogadores com o temperamento de um Maradona ou de um Serginho Chulapa que tá faltando na Seleção. Gosto de jogador com alguma causa, tipo o Reinaldo ou o Sócrates lendo Furacão Sobre Cuba na concentração de uma Copa América ou os jogadores do Flamengo de 82 entrando em campo, na Argentina, pela Libertadores, segurando uma gigantesca bandeira do país de Carlos Gardel em plena Guerra das Malvinas. Outros tempos. Antes, muito antes da Sandy de Chuteiras, o jeitinho Kaká de ser.

Sábado passado o Sportv homenageou o Pibe D'Oro. Perdi o programa, mas vasculhando a internet, encontrei um documentário chamado Maradona por Kusturica, no Youtube, em dez partes. Muito bom. Um retrato comovente de um grande jogador e de uma grande pessoa - amável e louco, passional como o argentino sempre é. Encontrei também o gol antológico que ele fez no jogo da Agentina contra a Inglaterra na Copa de 86, e melhor, na narração desesperadamente linda do uruguaio Victor Hugo Morales. O gol do século. A narração do século. Um dos momentos mais lindos do futebol mundial. Algo como - caso eu pudesse fazer essa comparação inusitada - um Poema em Linha Reta com final feliz.