Na vontade desesperada de ganhar um abraço de alguém. Mas não indo atrás. Nem na frente. Saindo do meio.
Estrelando um filme que se passa inteiro - com choro, trilha sonora, final quase feliz - na porta giratória de um banco que está sendo assaltado.
Beijando através da parede de vidro do aeroporto Antônio Carlos Jobim uma menina de saia rosa e olhos de fogo.
Trapaceando na brincadeira do Cai no Poço ao avisar ao meu melhor amigo com um toquinho nas costas o exato momento em que aponto para a bela garota da casa de portão elétrico.
É essa? É. E é mais.
É chegar sem aviso prévio com um AR15 ou uma pistolinha de água numa barraquinha de tiro ao alvo.
Furar a bola colorida de um menino esnobe com um cigarro Derby.
Não saber agir naturalmente - braços de mais, pernas de menos - diante daquela criatura com voz de aeromoça e um eterno jeito de menina lambuzada de Batom Garoto.
Esmurrar a parede do quarto - calmo no princípio, desesperado no final - até quebrar a mão direita - a esquerda já quebrada - em três lugares.
Tentar acessar um blogue que não existe mais e que se chamava Carro Bomba na Terra do Nunca.
Desejar a língua da lésbica, os alucinógenos da madrugada.
Apertar o play.
E singrar a cidade em plena segunda dirigindo um Trenzinho da Alegria dos Horrores cheio de loucos barbudos magricelas e anões da Ilha da Fantasia fugitivos de Bangu I.
Porque já disseram por aí que ouvir certas músicas do Tom Waits é como fazer carinho num arame farpado.
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