sábado, 18 de julho de 2009

RECEITA

um bife temperado com amor e chumbinho pro cachorro do visinho



Na vontade desesperada de ganhar um abraço de alguém. Mas não indo atrás. Nem na frente. Saindo do meio.

Estrelando um filme que se passa inteiro - com choro, trilha sonora, final quase feliz - na porta giratória de um banco que está sendo assaltado.

Beijando através da parede de vidro do aeroporto Antônio Carlos Jobim uma menina de saia rosa e olhos de fogo.

Trapaceando na brincadeira do Cai no Poço ao avisar ao meu melhor amigo com um toquinho nas costas o exato momento em que aponto para a bela garota da casa de portão elétrico.

É essa? É. E é mais.

É chegar sem aviso prévio com um AR15 ou uma pistolinha de água numa barraquinha de tiro ao alvo.

Furar a bola colorida de um menino esnobe com um cigarro Derby.

Não saber agir naturalmente - braços de mais, pernas de menos - diante daquela criatura com voz de aeromoça e um eterno jeito de menina lambuzada de Batom Garoto.

Esmurrar a parede do quarto - calmo no princípio, desesperado no final - até quebrar a mão direita - a esquerda já quebrada - em três lugares.

Tentar acessar um blogue que não existe mais e que se chamava Carro Bomba na Terra do Nunca.

Desejar a língua da lésbica, os alucinógenos da madrugada.

Apertar o play.

E singrar a cidade em plena segunda dirigindo um Trenzinho da Alegria dos Horrores cheio de loucos barbudos magricelas e anões da Ilha da Fantasia fugitivos de Bangu I.

Porque já disseram por aí que ouvir certas músicas do Tom Waits é como fazer carinho num arame farpado.

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