Às vezes eu fico pensando no inventor do tobogã. Na sua
vidinha de merda de acordar às seis da manhã para ir comprar pão na padaria. Ó,
que belo invento. Que adrenalina proporcionada. Só um homem muito medroso para
inventar uma engenhoca cuja maior função é proporcionar uma falsa sensação de
perigo. Em verdade, ele deve tê-lo inventado na tentativa de ignorar as
traições da esposa. Na tentativa de esquecer a própria existência, nem que
fosse durante os poucos segundos que o separavam do mergulho no lago morno e
salobro de azulejos azuis. Mas qual? Se a realidade, inexorável, sempre emerge
da água, junto com seu corpo flácido e sua falta de ar? Como conforto, só lhe
resta assuar o nariz e sair desajeitado da piscina. Medíocre, traído,
conformista, o inventor do tobogã deve ter morrido de tristeza.
Um comentário:
Triste? Nem tanto... Bundas lisas escorregando em seu invento podem ser de bom tamanho. Vai que ele seja sado-maso....
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