sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

SOBRE QUADRINHOS DE BUZZATI E CARTEIROS MORDIDOS

Na UEMA eu estudei com um carteiro. Um dia ele chegou pra assistir aula com uma mordida na bunda. Ele era um magrinho de bundinha pequenininha e mesmo assim um cachorro o perseguiu e o derrubou e o mordeu. Na bunda. Na bundinha pequenininha dele. Ele esparramado no chão com dezenas de missivas, boletos bancários e cobranças do SPC/SERASA.

Eu lembrei do meu amigo carteiro porque há pouco o meu sobrinho bateu na pota do meu quarto. "Quié?", perguntei acordando do meu sono intranquilo. "Incumenda do correi!". Quando eu tava desembrulhando o meu Poema em Quadrinhos, encostado no peitoril da janela (Constatação 1: Mutarelli saiu dos quadrinhos para a prosa, ao passo que Buzzati saiu da prosa para os quadrinhos. Contatação 2: As edições da CosacNaif são lindas, mas é muito feio que no Brasil os livros em geral ainda sejam um objeto quase voador não identificado.), o carteiro ainda tava na porta de casa, abduzido pelas conversas do meu irmão mais velho, que fala mais do que lavadeiras de roupa em brejo.

P.S.1: Os carteiros são sagrados.
P.S.2: "O inferno são os cães!" (frase proferida por Manuel, meu amigo carteiro).
P.S.3: Mário amava os carteiros, mas os carteiros detestavam o de Andrade.

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