rio do mistério
rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?
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Creio que o Leminski foi um daqueles caras - poucos caras - que ousaram despentear o penteado sisudo da poesia. Um daqueles brothers que deram uma palmadinha sacana no respeitadíssimo bumbum da prosa. Meu primeiro contato com o cabra foi através de um livro de gramática do Ensino Médio. (Aliás, os livros de gramática só me interessavam porque dentro deles eu sempre encontrava tirinhas do Quino e trechos de contos e romances - além de poeminhas inteirios como esse aí de cima.) O segundo contato se deu nas estantes do Farol da Educação, atrás do colégio Nascimento de Moraes, ao encontrar, na pratreleira de Ciências Políticas, o volume dOs Melhores Poemas do Polaco Loco. Por último, na Uema. Estampado em umas das camisas que o Alexandre vendia no pátio daquele colejão, um minúsculo poema do Leminski sempre sorria pra mim, irônico: "não discuto com o destino, o que pintar eu assino".
Por esses dias rolaria a oportunidade de outro contato, se eu morasse em São Paulo. Dessa vez vez através da exposição Paulo Leminski: 20 anos em outras esferas, no Itaú Cultural, de 1 de outubro a 8 de novembro, com curadoria do poeta Ademir Assunção, amigo e admirador do autor de Catatau. Participam também Alice Ruiz (esposa e poeta), Áurea Lemisnki (filha) Mário Bortolotto (dramaturgo) e Marcelo Montenegro (poeta), sem falar nos outros artistas que diariamente celebrarão a obra leminskiana, seja através da leitura de seus livros, seja em conversas acerca do poeta kamikaze. Diversas instalações compõem o acervo da mostra, além de poemas inéditos e preciosos manuscritos guardados pela filha do poeta em 18 caixas plásticas azuis. Apareçam por lá, marcianos. Quem for não se arrependerá. Ou como diria o funcionário da Setran responsável por pregar as placas de sinalizaçao nas ruas (ao referir-se a um evento de qualidade): "Ê, mas vai ser bom..."
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Algumas fotos da exposição no blogue do Ademir Assunção:
http://zonabranca.blog.uol.com.br/arch2009-09-27_2009-10-03.html
Matéria do Jotabê Medeiros (Estadão) sobre a mostra:
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art440804,0.htm
6 comentários:
Eu também li sobre a abertura da exposição! Ô, Luís, a gente fica só sabendo, participar que é bom, né... nada!
Outra, soube que o Alê voltou a expor na Uema. Eu bem lembro dessa citação do polaco louco!
E o haicai daí de cima é um dos mais lindos.
A Alice Ruiz tá vivinha da Silva, já epnsou se ela pintasse por aqui?
=D
Beijo
Pois não é, Alda. Bem que os nossos imortais da AIL poderiam acatar a tua sugestão e trazer a Alice Ruiz pra Salimp né? Verba já me disseram que não falta. De qualquer modo, o Alexandre vai tá por lá com novas peitas e agendas pra gente.
Quem nunca se deliciou com as palavras loucas e incisivas desse gênio do Haikai?!
Abraço Luiz!
Polaco Loco Paca!
Valeu, Natal.
Gênio... com pouco, o tudo!
Quando eu era jovem o Catatau era o meu grande objeto do desejo. Engreçado que certas coisas só nos aparecem depois do desejo. Apanhador em Campo de Centeio, o livro do Torquato Neto, enfim , há uma série de textos que eu faria de tudo para ter, mas que só me apareceu depois da fase.
Meu interesse por esse material do Leminski permanece o mesmo. ITAMAR ASSUPÇÃO, LEMINSKI tudo isso é muito bom.
Acesse notasjudiciosas.wordpress.com
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