"ORA… AS DOIDAS DOS TERMINAIS RODOVIÁRIOS
Uma aglomeração humana situada mesmo que seja num infinito pedaço de terra tem que ter pelo menos um tipo popular perambulando em seu terrritório. De preferência uma doida que saiba gritar nomes cabeludos e outras coisas que tais para a meninada e os viadantes. Lembro meus tempos de adolescência por exemplo em Teresina. E seus habitantes exdrúxulos tais comos o Gasolina e a Maria Sapatão. O “engenheiro” Jaime e o Avião. E outros tantos outros que conheci de perto pelas minhas andanças pelaí. Maria da Piedade na Bahia. O Rei dos Homens em São Luís. Centenas deles que ficaram quase todos meus amigos e algumas delas que inclusive foram até minhas amantes… mas isto não espalhem por favor.
Pombas… e como eu ia dizendo e vocês não deixaram: conheci alguns que chegavam até a ficar furiosos com os apelidos. Outros que sorriam submissos e no máximo como represália mostravam a bunda para qualquer um. Certa vez em Porto Alegre dei de cara com um “Jesus Cristo” e na Paraíba apliquei um filho na “Rainha da Patagônia”. Gente boa de lidar. Desde que se saiba a fase da lua e bem que outros paralelepípedos.
Já escrevi alhures sobre a carência de hospícios no país, mormente no nordeste e adjacências. Praticamente só as capitais dispõem de algum e assim mesmo mambembe e anti-funcional. Geralmente as clínicas de repouso além de particulares são caríssimas e portanto inatingíveis pela maioria. Até que surgiu a salvação: as estações ou terminais rodoviários (inclusive em Caxias e que foi obra do ex-prefeito José Castro). Pois bem. Aí o pessoal meio lelé da cuca (!) achou lugar para ficar à vontade. Restos de comida grátis. Dormida inteira idem. Mictório. Esmolas. Possibilidades de roubos e fornicações. Proteção da polícia. Movimentação constante e pan-pan-pan. Aliás às vezes um outro vai preso mas logo que retoma a liberdade retorna ao ponto e se consegue uma carona via procurar outro terminal de rodovia. Por isso às vezes encontramos deles ora em Castanhal ora em Caruaru. Aqui com um nome e ali com outro. Talqualmente aquela doida que anda mais ou menos tanto quanto eu que se chamava de Pimenta (no Recife), Coisa Boa (em Campina Grande), Bananada (em Maceió). A última vez que nos vimos faz poucas noites no terminal rodoviário de Santa Inês saindo do Maranhão para alcançar o Pará. Só que agora se chamava de Taí e quando lhe perguntei admirado “Taí”?! Ela simplesmente lavantou a sais. Pegou na conturbância. Cheirou os dedos. E me respondeu categórica e contundente: Tá!!
(1982)"
Uma aglomeração humana situada mesmo que seja num infinito pedaço de terra tem que ter pelo menos um tipo popular perambulando em seu terrritório. De preferência uma doida que saiba gritar nomes cabeludos e outras coisas que tais para a meninada e os viadantes. Lembro meus tempos de adolescência por exemplo em Teresina. E seus habitantes exdrúxulos tais comos o Gasolina e a Maria Sapatão. O “engenheiro” Jaime e o Avião. E outros tantos outros que conheci de perto pelas minhas andanças pelaí. Maria da Piedade na Bahia. O Rei dos Homens em São Luís. Centenas deles que ficaram quase todos meus amigos e algumas delas que inclusive foram até minhas amantes… mas isto não espalhem por favor.
Pombas… e como eu ia dizendo e vocês não deixaram: conheci alguns que chegavam até a ficar furiosos com os apelidos. Outros que sorriam submissos e no máximo como represália mostravam a bunda para qualquer um. Certa vez em Porto Alegre dei de cara com um “Jesus Cristo” e na Paraíba apliquei um filho na “Rainha da Patagônia”. Gente boa de lidar. Desde que se saiba a fase da lua e bem que outros paralelepípedos.
Já escrevi alhures sobre a carência de hospícios no país, mormente no nordeste e adjacências. Praticamente só as capitais dispõem de algum e assim mesmo mambembe e anti-funcional. Geralmente as clínicas de repouso além de particulares são caríssimas e portanto inatingíveis pela maioria. Até que surgiu a salvação: as estações ou terminais rodoviários (inclusive em Caxias e que foi obra do ex-prefeito José Castro). Pois bem. Aí o pessoal meio lelé da cuca (!) achou lugar para ficar à vontade. Restos de comida grátis. Dormida inteira idem. Mictório. Esmolas. Possibilidades de roubos e fornicações. Proteção da polícia. Movimentação constante e pan-pan-pan. Aliás às vezes um outro vai preso mas logo que retoma a liberdade retorna ao ponto e se consegue uma carona via procurar outro terminal de rodovia. Por isso às vezes encontramos deles ora em Castanhal ora em Caruaru. Aqui com um nome e ali com outro. Talqualmente aquela doida que anda mais ou menos tanto quanto eu que se chamava de Pimenta (no Recife), Coisa Boa (em Campina Grande), Bananada (em Maceió). A última vez que nos vimos faz poucas noites no terminal rodoviário de Santa Inês saindo do Maranhão para alcançar o Pará. Só que agora se chamava de Taí e quando lhe perguntei admirado “Taí”?! Ela simplesmente lavantou a sais. Pegou na conturbância. Cheirou os dedos. E me respondeu categórica e contundente: Tá!!
(1982)"
Vitor Gonçalves Neto
In: Crônicas das Andanças: dos vivos e dos mortos, dos bichos e das fêmeas e de outras coisas que tais. Imperatriz: Ética, 1995.
2 comentários:
Eu lembrei de uma doida evangelica que ficava no terminal de integracao prevendo o futuro das pessoas sem que elas pedissem isso, ela olhava pra pessoa e comecava a falar. Eu morria de medo dela prever alguma coisa pra mim e sempre fingia que nao a via, hoje me arrependo, talvez se tivesse deixado ela dizer-me algo, eu teria algum futuro pelo menos na teoria de uma louca mais louca que eu kkkkkkkkk
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